domingo, 23 de dezembro de 2012

Um novo tempo


Mais um ano que se finda, em breve outro se inicia. Tudo aquilo, ou quase tudo, que estabelecemos como meta há exatamente um ano não foi cumprido, mas não tem problema: essas metas serão renovadas para serem atingidas, de qualquer forma, em 2013. Emagrecer, começar a malhar, fazer uma faculdade, cursar inglês, arrumar um (novo) emprego! 2013 que nos aguarde, entraremos no ano novo a todo vapor! Celebramos o início de um novo período estourando champanhe e fazendo promessas que, no fundo, sabemos que não vamos cumprir.

Não sabemos exatamente o motivo, mas nos parece que o início de um novo ano serve como catalisador imaginário para o início de uma nova era, na qual o torpor e acomodação existentes nos onze primeiro meses do ano são substituídos pela disposição efêmera (e mentirosa) de se tornar uma pessoa mais bonita, mais culta e com mais dinheiro no bolso. Um novo ano, uma nova pessoa; imaginamos que assim pensam os adeptos dessa 'teoria' (desculpem-nos por chamar isso de teoria, não nos ocorreu outro nome mais apropriado). E assim, na última quinzena de dezembro, começam a aparecer os desejos auspiciosos de um feliz ano novo, e junto começam a ressurgir os ritos e crendices para fazer com que 2013 seja próspero.

Não se pode comer frango, porque frango cisca pra trás, e alguma mente desocupada e doentia disse certo dia que isso traria má sorte no decorrer do ano vindouro. Pular sete ondas, vestir branco, colocar sementes de romã na carteira (ainda bem que não são sementes de abacates) são 'procedimentos vitais' para entrar 2013 com o pé direito. Queremos propor aqui o abandono dessas tolices (embora saibamos que ninguém vai abandonar suas 'tradições' por causa de um simples e desconexo texto em um blog obscuro; mesmo assim, escrevemos, a despeito da indiferença de quem nos lê). Vamos esquecer disso tudo; o fato de você comer pernil assado em vez de frango, e de vestir branco, e de ter sementes de fruta na sua carteira, acredite, não vai alterar os rumos de sua vida. Sua atitude é quem vai definir os caminhos que você pretende seguir. Você, e só você, é quem vai definir se você quer mudanças, ou se vai fingir ser normal estar e continuar insatisfeito.

Tentemos algo diferente: no lugar das metas repetidas e não cumpridas ano após ano, e das crenças nas sementes e no ciscar do frango, simplesmente vivamos, dia após dia. Não há mais espaço para velhas promessas vãs. Não dá pra ser feliz agindo da mesma forma que nos fez ser o que somos: amargos, infelizes, incompletos. Mudemos, então, a forma de se encarar e lidar com o que nos cerca, esperando que novas atitudes tragam novos desafios, novos sentimentos, novas alegrias. Chegou o tempo de se libertar das crenças no absurdo, dos grilhões do comodismo e do medo do porvir. Chegou o tempo do novo.

*a ideia de sugerir o rompimento de uma inofensiva tradição de Ano Novo serve para ilustrar o caráter simbólico que essa ruptura pode representar como ponto de partida para algo maior. Em outras palavras, é um incitamento para que, quebrada essa tradição de ano novo, todas as outras tradições e crenças nas quais nos baseamos e que tem influência naquilo que somos e fazemos, também sejam quebradas, e uma nova forma de conduzir nossas vidas seja posta e consolidada.

sábado, 10 de novembro de 2012

Medo da farda

Por Filipe Mori

Mais uma noite de muitas mortes na Grande São Paulo. Somente nos três primeiros dias de novembro já são 30 vítimas da violência, sejam elas mocinhos, bandidos ou apenas meros inocentes que estavam no lugar errado na hora errada. De quem é a culpa desse hediondo momento de nossa história eu não sei, mas é nítido que o medo é o que impera. Toques de recolher, policiais que atiram a esmo, ou no primeiro que decide dar bom dia, pessoas que pulam e assustam com estouro de motos ou bombinhas, assaltantes que atiram primeiro e depois informam ser um assalto.

Nos últimos três meses, duas casas em minha rua foram assaltadas, sendo que a última somente não se concretizou porque um dos vizinhos achou estranha a presença das pessoas a frente da casa e assustou os assaltantes. Semana passada (02/11), por volta da meia noite, o alarme de uma das casas de uma rua vizinha (sempre a rua vizinha) disparou e permaneceu tocando por aproximadamente 10 minutos. Como deveria ser normal em qualquer cidadão (no mais amplo que essa palavra deve ter), saí de dentro de minha casa para tentar verificar o que estava ocorrendo e liguei para o 190.

Após praticamente 5 minutos de espera, com a linha muda, um sujeito com nenhum pingo de educação me atendeu. Pus-me a falar imediatamente sobre o ocorrido (em meus sinceros pensamentos quanto mais rápido eu falasse, mais cedo uma patrulha poderia ser acionada e talvez pegar alguém com a boca na botija), mas o tal sujeito apenas queria saber meu nome. Após tanta insistência informei meu nome, relatei que um alarme de casa estava tocando (naquele momento o alarme já tinha parado), que eu não tinha como verificar se existia alguém na casa ou informar a casa exata. Após isso, deu-se o seguinte o diálogo:
190 - “Mas tem alguém na casa?”
Eu - “Não sei, mas o senhor não acha estranho um alarme permanecer tocando por 10 minutos? Se o dono estivesse na casa ele já o teria desligado.”
190 – “Então se eu encaminhar uma viatura para lá, ela vai não irá encontrar nada?”
Eu – “Sei lá, mas vocês poderiam encaminhar uma para averiguar?”.
Mas a verdadeira vontade era dizer: “Porra... Você quer que eu vá até a casa (na rua de trás) e toque a campainha para ver se algum bandido me atende? Assim posso sacar meu 38, matar todos e depois só chamá-los para que venham tirar os corpos. Que tal?”

Após 40 minutos (sim, 40 minutos!!) recebo uma ligação de um policial de uma viatura (havia sons do rádio da polícia ao fundo) informando se eu iria me encontrar com eles na tal casa. Ou seja, quarenta minutos após ter ligado para o 190 e ser atendido com ironias, a polícia finalmente resolveu ir verificar. Resta, então, saber quem está com mais medo: quem veste a farda ou quem vê o fardado assustado, com o dedo no gatilho, pela frente.

Twitter: 

sábado, 3 de novembro de 2012

Custe o que custar


Durante a semana que se passou, muito se comentou, em especial na Internet, mais especialmente ainda no Twitter, sobre a agressão sofrida pelo 'jornalista' do programa humorístico CQC, da TV Bandeirantes, por militantes petistas que tentavam abrir caminho para José Genoíno, ex-presidente do PT e réu condenado no caso do mensalão (o do PT, não o do PSDB), entrar e sair da escola onde vota sem ser incomodado. Muitos 'revoltados de teclado', essa praga cada vez mais constante na rede mundial de computadores, demonstraram apoio ao 'repórter', aparentemente uma vítima inocente de uma agressão covarde cometida por petistas ignorantes.

Cito este fato porque não é de hoje que o referido programa, cuja pretensão é ser engraçado (e jornalístico) tem problemas dessa natureza. Outros homens de preto da atração já apanharam no exercício das suas funções. Daqui em diante tentaremos demonstrar, então, a verdade dos fatos, como adora dizer o Reinaldo Azevedo, aquele sujeito escroto que escreve na VEJA, também conhecida como detrito sólido de maré baixa (by PHA) ou esgoto encadernado (by eu mesmo). Tentaremos desmascarar qual a verdadeira intenção do humorístico sem graça.

Cabe, antes de tudo, um esclarecimento, que julgo importante: assisto ao referido programa com certa frequência desde o seu início, em 2008, e digo que o que antes parecia ousado, provocador, com uma pitada de ironia juvenil, hoje é somente uma máquina de repetição de clichês e 'merchans' que deixariam Milton Neves com inveja, e que enche o saco de todo mundo. Bom, o de todo mundo eu não sei, mas pelo menos o meu já encheu, e não é de hoje.

Houve, de fato, a agressão? Sim. Não se discute, pois quem briga com imagens bom sujeito não é (ou quem não gosta de samba bom sujeito não é? Não sei, mas sigamos em frente). Se bem que um bom editor pode 'moldar' uma reportagem de forma que eles se tornem vítimas de um espancamento. Mas, por ora, não levarei isso em consideração, então retomo. Agora, o que me ocorreu, assistindo à cena, foi a seguinte pergunta: que direito tem um jornalista, ou, pior, um comediante travestido de repórter, de tentar esculachar quem quer que seja, independente de ser um político condenado pela Justiça ou o mais humilde dos seres?

Nenhum, eu mesmo respondo, e vou mais além: tipos como esses humoristas que hoje abundam aos montes (ok, admito que eventualmente eu rio das piadas desses caras), se utilizando desse expediente baixo, rasteiro, para constranger pessoas (de novo, independente da condição financeira, social, psicológica ou penal) tem mais que é levar uns sopapos mesmo. Quem sabe assim ficam espertos e veem que não podem fazer o que querem em nome do humor. Ou do jornalismo. Ou daquilo que eles, integrantes do CQC e cequecezetes, pensam ser uma mistura dos dois. O que eles fazem é outra coisa, indefinida, quase sempre sem graça, quase sempre desrespeitosa. Então, que assumam as consequências por suas provocações baratas. Afinal, o que vale é esculachar, custe o que custar.

sábado, 20 de outubro de 2012

Um tributo à mediocridade

Eis aqui um péssimo poema de um péssimo falso poeta (poeta, não profeta). Sem métrica, mas com rima. Não importa. A mensagem é objetiva, e é isso que vale.

A que ponto chegamos?
Esperando o dia todo pra saber
Como será o final logo mais?
Nos entregamos a quem nos engana dia após dia
Sair pra beber, fumar, trepar? Hoje não!
Pra que? Vamos nos alienar um pouco mais

Será que agora tudo volta ao normal?
Mas o que é normal afinal?
Voltar a pensar, nem pensar!

Vamos aguardar o próximo folhetim
Emburrecer um pouco mais a cada dia
Até o próximo 'fim'

domingo, 2 de setembro de 2012

Ateu, graças a Deus!


O título desta postagem não é criação minha. Vi essa frase uma vez em algum lugar que foge da minha mente agora, e se alguém souber sua origem, me avise para que eu possa dar os devidos créditos. O que vale é que ela exprime uma ideia de algo que eu já vinha considerando há tempos, mas que, por falta de convicção ou por medo da ira divina, vinha sendo constantemente relegada a segundo plano, postergada, e que definitivamente hoje ficou claro ser a decisão acertada. Sim, tornei-me um incrédulo. Um ateu. Nesse mundo permeado de seitas, igrejas e devotos, virei um pária quando o assunto é fé.

Hoje em dia, vê-se bastante em todos os lugares (nas ruas, nas TVs, nas redes sociais), pessoas que agradecem a Deus por alcançar seus objetivos, por ter saúde, por ter forças para acordar mais um dia da cama e continuar suas vidas patéticas ou plenas de felicidade. Não quero criticá-las. Não acho minha vida melhor do que a deles. No entanto, vejo a necessidade de assumir a responsabilidade por minhas próprias escolhas, meus sucessos e fracassos (seja qual for o conceito que cada um tem dessas palavras), sem atribui-la a um terceiro, por mais que este seja o Pai celestial, onipotente e onipresente, eterno e inefável.

Vejam que não falo, necessariamente, de religião. Para defini-la, ninguém melhor do que Karl Marx. Ele escreveu, em sua 'Crítica a filosofia ao direito de Hegel' que "a religião é o suspiro da criatura oprimida, o ânimo de um mundo sem coração e a alma de situações sem alma. A religião é o ópio do povo". É provável que, aqui neste post, esta frase esteja fora de contexto, mas neste momento, me serve perfeitamente. Mas não é disso que quero falar, pois quando se trata desse assunto, as pessoas deixam o bom senso de lado. Falo simplesmente da acreditar em alguém dito divino, superior. Mas também imaterial, que não pode ser provado ou sentido.

A crença em um ser superior infalível nunca me trouxe benefícios. Serviu apenas para realçar inseguranças, reprimir vontades pelo medo ridículo do fogo do inferno. Quantas orações para afugentar os pensamentos pecaminosos! Quanta baboseira! Não que hoje eu tenha um desejo em especial e que pretenda satisfazê-lo de qualquer forma. Não quero trepar com aquela menina que flerta comigo há algum tempo, ou fumar um baseado e relaxar, para completar a trinca sexo, drogas e rock n'roll. Não é isso, pelo menos não nesse momento. Mas hoje, convicto do acerto da escolha, e livre do cabresto divinal, posso ao menos não me sentir culpado caso esses desejos expressos logo acima se tornem incontroláveis. Estou livre desse peso. Graças a Deus? Definitivamente não.

sábado, 1 de setembro de 2012

O mensalão, a mídia e os papagaios


Desde o começo de agosto, um dos assuntos mais comentados em todo canto é o julgamento do mensalão. Os grandes veículos de comunicação, extrapolando sua obrigação de comunicar sem fazer juízo de valor, classificaram-no como o 'maior caso de corrupção da história do país' (é provável que tenham se esquecido da Privataria Tucana e da compra de votos para a reeleição de FHC), movidos por interesses escusos que qualquer pessoa possuidora de dois míseros neurônios deve imaginar quais sejam. Mas, caso o Tico e o Teco estejam de férias ou tirando uma soneca, vamos levantar os motivos da grande repercussão que a chamada 'grande mídia' dá ao caso, e tentar alertar aos nossos cinco ou seis leitores dos males causados por uma leitura parcial, tendenciosa e descompromissada com a verdade. 

Globo (TV e jornal), Folha e Estadão, em maior ou menor grau, já julgaram os réus em seus tribunais particualres e, pasmem!, condenaram a todos, independente de terem culpa no cartório ou não. Reparem que a revista Veja, principal acusadora e fonte para os demais veículos quando o assunto é corrupção na base do governo (só na base do governo), não foi citada no rol da 'grande mídia' pelo simples fato de não merecer nenhuma credibilidade de quem ainda tem estomâgo para lê-la. Aliás, nenhum dos citados merece qualquer consideração, pois todos tem um passado sombrio, um histórico nada abonador, que vai desde apoio ao regime militar, ou cedendo seus veículos para transportar 'suspeitos' ao prédio do DOPS, ou manipulando informações conforme seus próprios interesses, ou usando bicheiro como editor extra-oficial de sua revista. Querem apenas criar as condições para que possam voltar a ditar os rumos do País. São golpistas, sem qualquer escrúpulo, caráter ou comprometimento com o povo brasileiro.

Pensamos, antes de prosseguir com o tema, que é necessário ressaltar que este blog é apartidário, embora admita simpatizar com os últimos governos petistas por acreditar que hoje o Brasil é um país muito melhor para se viver do que era há dez anos atrás, quando estavámos largados ao Deus dará por FHC. Isso não quer dizer que hoje tudo é uma maravilha; há ainda muita (mas muita mesmo) coisa a ser feita, muitos erros a serem corrigidos, mas acreditamos piamente que estamos no caminho certo. Enquanto o tucanato e os demos estiverem fora do poder, a tendência é de evolução, mesmo que esta ainda ocorra a passos trôpegos de uma tartaruga anciã.

Voltando ao 'maior caso de corrupção da história do Brasil', este blog acredita (somente com base no que lê diariamente em diversos sites, blogs, jornais e TVs; deixamos claro que não temos qualquer embasamento técnico ou jurídico para cravar, de forma definitiva, se alguém é culpado ou inocente nessa história) que os réus do mensalão cometeram crimes pelos quais devem ser julgados e condenados. Ponto. O que nos incomoda é o fato de interferências externas (de novo da 'grande mídia') influenciarem o voto de ministros do STF, a ponto de desconsiderarem (a falta de) provas e levarem em conta principalmente a opinião publicada. Sim, pelo menos na nossa visão, ministros se deixaram influenciar, imaginamos que por receio do que esta mídia podre poderia divulgar sobre suas vidas pregressas, ou por qualquer outro motivo mais sério. Não sabemos, portanto não vamos conjecturar sobre isso.

Pois bem, continuemos. Pode-se notar que quem votou pela absolvição de alguns ou de todos os réus foi crucificado pela imprensa, o que por sua vez refletiu na opinião de leitores/telespectadores mais preocupados com a novela ou com o futebol do que com essa clara intervenção midiática em um órgão que deveria primar pela isenção e pelo apego ao que consta nos autos. Telejornais, editoriais e até correntes na rede mundial parabenizaram quem condenou e avacalharam quem absolveu, independente se este se ateve tão somente àquilo que deveria se ater: provas concretas. Se as há, que se condene. Caso não haja, in dubio pro reo. Simples assim. 

Tudo isso foi escrito para dizer que não podemos aceitar, principalmente nos dias de hoje, a formação de conceitos com base no que se lê, vê e ouve unicamente nesses lixos encadernados e televisionado, sob o risco de incorrer na superficialidade da opinião, na leviandade de afirmações e nas acusações sem nenhuma evidência. O que queremos dizer a todos é que, independente de suas posições político-partidária, leiam, vejam e ouçam tudo, de todos os lados e correntes, para então formarem opinião minimammente embasada, sem ranços ou influências. Caso contrário, serão somente 'papagaios' repetidores de manchetes e frases proferidas por idiotas azevedos, mervalinos e quetais, ou, meros pinçadores e divulgadores da opinião alheia à tudo, principalmente da verdade factual.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Aqui tem um bando de que?

Antes de começar, o blog adverte que os observações que se seguirão são destinadas tão somente àqueles que, desprovidos de cérebro ou de um mínimo de senso de ridículo, dão ao time que torcem uma importância maior do que realmente tem. Se você não se encaixa nesse perfil, esse pequeno texto não é endereçado a você, e portanto não se sinta ofendido. Queremos ressaltar nosso respeito à instituição que provoca esse tipo de reação em meia dúzia de tontos. Isto posto, deixamos claro, também antes de tudo, que o blog é amplamente favorável às brincadeiras e provocações de torcedores adversários, pois essa tiração de sarro é salutar em tempos de futebol cinzento.

Após este breve preâmbulo, iniciamos com os dois pés no peito de uma parcela de uma torcida que pensa ser a maior e a melhor de todas, sem qualquer fato concreto que sustente tal pensamento. A nação que se diz de 30 milhões é uma farsa. A torcida que se diz a maior do Brasil é, pra dizer o mínimo, enganada por meia dúzia de formadores de opinião que mentem pra poder vender jornal. Vejam, não há uma pesquisa sequer de um instituto renomado que aponte o tal número de 30 milhões. Se alguém duvida, eis aqui ou aqui os links das pesquisas mais recentes. Não é a maior torcida do Brasil. É sim a maior do Estado de São Paulo, ainda assim bem longe da 'metade mais um' que dizem ser. Não é o blog quem diz, são os números, e os números, via de regra, não costumam mentir.

São tão lunáticos que acreditam que existem os 'antis'. Quem não torce pro time deles é 'anti'. Mas isso só vale pra quem torce contra eles. Eles mesmos nunca torceram ou torcem contra seus rivais. Exceto quando vestiram as camisas de  Manchester United, Liverpool ou Boca Juniors, em recentes ocasiões. Mas, pra eles, nesses casos, não são 'antis'. Como já dito, isso é só pra quem torce contra eles. Também se gabam por, segundo os jornalões, ter o terceiro ou quatro maior patrocínio de camisa do mundo. Sim, eles comemoram até isso. E por ter o melhor Centro de Treinamento, segundo eles próprios. Há poucos dias, o vice presidente de futebol deles afirmou que “meu time faz marketing em cima da torcida. Nosso time é medíocre. E não acredito que um torcedor do nosso time seja mais fanático que um fanático torcedor de outro time. Mas nós amamos amar isso” (se duvidam, aqui está o link da matéria).

Se julgam superiores também por que a insuspeita emissora que detém os direitos do futebol tem uma clara preferência por exibir os jogos do time deles. "É porque dá mais audiência", dizem eles. Não consideram que se tem a maior torcida, obviamente que eles têm que dar maior audiência. Mas não. Preferem acreditar que são exibidos com mais constância por que seu time é o maior do Universo. Vivem no mundo da fantasia. Estaria tudo bem se essa fantasia ficasse restrita a eles mesmos. Mas eles insistem em difundir a farsa. Não veem que são tapeados por aqueles que os comandam, e por quem tem interesse apenas em vender jornal. Não enxergam, ou não querem enxergar, que não são diferentes de qualquer outro grande time de futebol. Dentro de campo, podem ser melhores ou piores em determinados campeonatos, mas na sua essência, são absolutamente iguais aos times dos 'antis'. Em todos os aspectos. Mas eles não pensam assim. Na verdade não pensam de nenhuma forma. Porque não lhes convém. Convém-lhes viver na mentira. Porque fazem parte do bando. Do bando de trouxas.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Cotas Sim!


Hoje será um dia histórico para o Brasil, pois o Supremo Tribunal Federal (STF) julgará constitucional a política das cotas nas universidades públicas do país. Com esse medida, que já vigora no país desde 2003, mais estudantes negros terão acesso ao ensino superior, algo impensável em tempos não tão distantes assim. Se tudo correr como se espera, essa discussão, pelo menos no âmbito jurídico, se encerra por hoje.

O que choca são as falácias, os argumentos toscos de quem é contra as cotas. Ver manifestações de boçais como o deputado Jair Bolsonaro e o senador Demóstenes Torres, este que é contra não só as cotas, mas contra o Prouni, e outros, proferindo absurdos sem pé nem cabeça, sobre algo que continuará permitindo que negros possam frequentar as mesmas universidades que brancos 'criados a leite de pera' (ou alguém tem dúvida de que o que mais existe nas universidades públicas são brancos endinheirados?) é de virar o estômago.

A representante contrária às cotas, Roberta Kauffman, também advogada do DEM, afirmou no STF que "a questão que se coloca não é superficial. Se você não tem um critério objetivo para decidir quem é negro, quem é pardo, quem é moreno, as cotas podem ser mais desastrosas do que os eventuais bônus que a política deve ocasionar". Esse argumento serve para desvirtuar a discussão central, que é garantir o acesso de negros ao ensino superior, e atenuar erros históricos cometidos ao longo de anos e anos de escravidão.

Pior ainda é ver que existem pessoas com mentalidade tão tacanha, que dizem, por exemplo, que "não gostaria de ser atendido por um médico cotista" quando fosse obrigado a ir a um hospital, pelo simples fato de o médico ter sido beneficiado pela cota, e por isso, supostamente, não ter a mesma qualidade de um médico não cotista. Para derrubar esse sofisma, basta  observar que a cota tem como finalidade garantir o ingresso dos negros na universidade. A partir daí, se ele não obtiver boas notas e apresentar bons resultados em seus estudos, arcará com as mesmas consequências de qualquer outro estudante que não é cotista. Está aí, mais um argumento rebatido sem maiores dificuldades.

Outros são contra as cotas porque argumentam, descaradamente, que não há racismo no Brasil, logo não há sentido em se privilegiar determinada raça. Se alguém disser que o racismo não existe, e que considera todos iguais, comete dois erros crassos: nega algo que é um fato concreto, pois racismo existe (só quem pode falar se o racismo existe ou não é quem já sofreu ou ao menos presenciou; do contrário, é tão somente opinião sem fundamento), e que não há a igualdade mencionada na Constituição brasileira. Basta observar , com isenção, a realidade social do país. Tentando explicar de outra forma, o fato de alguém não ser racista, não torna o mundo ao seu redor também não racista. Quem não enxerga algo tão claro, deve pegar o próximo disco voador com destino à Terra e ficar a par do que se passa ao seu redor.

Dados do IBGE no Censo 2010 comprovam que o salário médio de um funcionário branco é quase 100% maior do que o de um funcionário negro na mesma função. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), os negros são maioria entre os pobres (65%), porcentagem que aumenta entre os indigentes (70%). E agora, você ainda acredita que somos todos iguais? É por essas e outras que o blog, desde já, e enquanto for necessário, abraça essa causa: Cotas Sim!

Atualizado às 21:10: O STF, por unanimidade, julgou constitucional a política das cotas, a despeito das vontades de boa parte da 'grande' mídia (os lixos habituais: Globo, Veja, Folha) e da elite dominante.

@Marcelo_Montana

#CotasSim


segunda-feira, 2 de abril de 2012

O filme do Raul e algumas impressões

Não é segredo para ninguém que este blogueiro é fã, desde que se conhece por gente (provavelmente até antes disso) de Raul Seixas. Por influência do meu pai, ouço Raulzito desde o berço, o que fez com que eu aprendesse rapidamente todas as suas músicas, de todos os álbuns. Isto posto, o que se segue é, mais do que o relato de um fã incondicional do maluco beleza, a impressão que se tem quando se assiste a imagens inéditas, raras, e entrevistas com figuras que fizeram parte da trajetória artística de Raul. E , na sequência, faço alguns registros sobre o artista, sob a ótica estritamente pessoal, sem qualquer pretensão de parecer isento ou imparcial.

Neste fim de semana, tive a oportunidade de assistir o documentário "Raul - O Início, o fim e o meio", de Walter Carvalho. Antes de mais nada, deixo claro que será difícil dissociar um elogio de um fã como este blogueiro de um simples comentário favorável ao filme, que, por sinal, é ótimo. Em que pese a ausência de figuras importantes na carreira de Raulzito, como Jerry Adriani, que o trouxe para o Rio de Janeiro depois de vê-lo tocar lá na Bahia, o filme contém depoimentos, nem sempre agradáveis, de todas as ex-mulheres (Edith, Gloria, Tania, Kika e Lena, em ordem cronológica), suas filhas (Scarlet, Simone e Vivian), sem contar do irmão Plínio (para quem Raul compôs e gravou "Meu Amigo Pedro"), e boas surpresas, como Tom Zé e Caetano Veloso, desafeto de Raul, mas reconhecedor da importância dele num momento conturbado da vida política brasileira, os companheiros Panteras (Mariano, Carleba e Eládio), Cláudio Roberto (parceiro em algumas de suas composições mais famosas, como "Maluco Beleza" e "O Dia em que Terra parou"), e participações que não poderiam ficar de fora, como o parceiro dos maiores sucessos, Paulo Coelho, e aquele que lhe deu a oportunidade de voltar aos palcos, depois de quatro anos recluso, pouco antes de morrer, Marcelo Nova.

Embora grande parte do filme conte histórias que quem acompanha o artista já conhecia ao ler livros a seu respeito, houve espaço para informações desconhecidas pela maioria, como o vício de Raul em cheirar éter, já no ocaso de sua vida, ou o uso recorrente de cocaína. Imagens raras deixam os espectadores maravilhados, como ele em estúdio gravando "Mosca na Sopa", no Hollywood Rock de 1975, e a famosa entrevista logo após seu carro ser atingido e danificado na orla de alguma praia carioca por ondas gigantes decorrentes da ressaca do mar, quando, ao ser perguntado o que achou do acontecido, Raul, com tranquilidade e desapego, afirma que "a natureza está certa". Esse era Raul, aquele que passava uma mensagem em todas (sem exceção) as suas canções. Poderia ser uma crítica contundente à sociedade contemporânea (Ouro de Tolo, Sociedade Alternativa, Maluco Beleza, Cambalache, Você, S.O.S), ao matrimônio e a monogamia (Medo da Chuva, A Maçã), à religião, a igreja e ao Juízo Final (Judas, How Could I Know, Baby, Ilha da Fantasia, Pastor João e a Igreja Invísivel, Cowboy Fora da Lei, Trem das Sete), à família (Sapato 36) ao Brasil desde 1500 até os seus dias (Aluga-se, Movido à Alcool, Não Fosse o Cabral, Só Pra Variar), enfim, a tudo aquilo que em sua visão merecesse ser comentado e/ou criticado, lá ia ele compor e cantar sua indignação.

Raul, o primeiro que misturou o baião de Genival Lacerda com o rock de Elvis, cantava bolero, tango, blues, rock, samba (sim, samba). Cantava o brega, mas sem sê-lo (Tu És o MDC da Minha Vida, talvez a melhor música brega de todos os tempos). Cantava também o amor como poucos: o que se pode dizer de canções como Sim, Coração Noturno, O Segredo da Luz, Mata Virgem, Lua Cheia e Sunseed, verdadeiras obras primas não reconhecidas como tal, daquelas que tocam o coração e a alma. Cantou a morte, que detestava e amava, e cuja vinda aguardava sem pressa ("vem, mas demore a chegar"), tão lindamente, que ela passou a não parecer o mais terrível dos males. O complicado para a maioria das pessoas, se tornava menos díficil de se compreender nas palavras de Raulzito.

Até na hora de se despedir, Raul reconhece que seu momento já havia chegado ao fim ("eu vou, eu vou me embora, apostando em vocês, meu testamento deixo minha lucidez, vocês vão ter um mundo bem melhor que o meu", na canção 'A Geração da Luz', de 1984; ou em 'Banquete de Lixo', quando diz "meu amigo Marceleza (referindo-se à Marcelo Nova) já me disse com franqueza: 'não sou nenhuma ficção', e assim torto de verdade, com amor e com maldade, um abraço e até outra vez". Se hoje vivemos em um mundo um pouco melhor, Raulzito contribuiu grandemente. Pois não era ficção; era real, verdadeiro, visceral, vomitando frases que, em um primeiro momento, pareciam não ter sentido, mas analisando melhor, era justamente aquilo que todos queríamos dizer, em algum momento de nossas vidas. Ele, que no seu auge passou a ser cultuado como um Messias (Raul recusava categoricamente esse rótulo), depois que partiu, passou a ser tão ou mais adorado do que em vida. Não por aqueles chatos bebâdos que gritam o insuportável "Toca Raul!!" em qualquer lugar onde há um banquinho e um violão, mas por quem compreende, mesmo que minimamente, seu legado de indignação e inconformismo, que tanto sofreu por isso. Pena, para ele, que não tenha nascido burro, assim não teria sofrido tanto; mas sorte de uma enorme legião de fãs e seguidores, que puderam usufruir, cantarolando, sorrindo e chorando, da sua música.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Chico Anysio

Morreu Chico Anysio. O maior dos comediantes brasileiros, com seus mais de duzentos personagens, foi levar alegria, junto com os antigos alunos/colegas da escola em que era professor (Brandão Filho, Walter Dávila, Rogério Cardoso, Costinha, Grande Otelo, entre outros vários) a um outro plano, se este existir. Chico, à frente destes e de outros nomes não tão brilhantes, humildemente serviu de 'escada' para que eles nos fizessem rir. Coisa que só Chico Anysio, na condição de ícone máximo do humor tupiniquim, foi capaz de fazer. Ele, que foi um dos primeiros comediantes, ao lado de Zé Vasconcelos, a fazer stand up comedy por aqui, muito antes dessa turma de hoje que se acha precursora de tal gênero.

Quem cresceu assistindo seus programas, no ínicio dos anos 90, como este eventual blogueiro ainda na condição de fedelho, com a "Escolinha do professor Raimundo", deu boas gargalhadas; e depois com os "Estados Anísios de Chico City", com um humor mais politizado, fazendo referência à crise que vivia o país naquele momento, e que não vingou na TV, mas mesmo assim ficou na lembrança deste que vos escreve; alguns anos depois, veio o seu "Chico Total", pelo qual fomos apresentados à sua vasta galeria de personagens marcantes, estereótipos das figuras que fazem parte do cotidiano das pequenas e grandes cidades do Brasil. Ou alguém duvida que Justo Veríssimo não foi inspirado em algum político brasileiro? Ou que Pantaleão não nos remete àquele velho contador de 'causos', mentiroso, leroso, que a maioria de nós conheceu por aí? Talvez o Coalhada, retrato daquele jogador de futebol que se complica todo com a língua portuguesa, mas nem por isso deixa de se sentir o maior do mundo.

O que falar do galã Alberto Roberto, o " símbalo sescual", "simplesmente o másquimo"? E de Nazareno, que cortejava a própria empregada e mandava a esposa feia ficar "calada" quando esta lhe importunava, para depois humilhá-la ("isso não é mulher, é uma batida de caminhão")? Se fossêmos citar todos os personagens e todas as suas características, precisaríamos de muito mais espaço do que isso. Pelo blog, não haveria problema: é fácil falar daquilo que, de certa forma, marca alguma fase da nossa vida de forma positiva, que nos fez rir. Asseguramos que seria de grande valia a quem não conhece sua obra escrever sobre pelo menos uma pequena parte de sua obra e de sua carreira de mais de 60 anos. Mas deixemos isso pra uma outra ocasião.

Para fechar, e correndo o risco de abusar de um dos diversos clichês que procuramos evitar a todo custo, concordamos, e a isso nos apegamos, que o mestre morreu, mas seus personagens vivem; e melhor, estão eternizados, se não na telinha, ao menos em nossas lembranças. Quem viu, e riu, entende do que estamos falando; quem não viu, agradeça pela existência do Youtube, e busque por lá qualquer quadro de humor em que o Chico participe. Em tempos de Casseta e Planeta, CQC e congêneres, é uma aula de como fazer rir sem apelar para o vulgar, grosseiro. Coisa que só gente da estirpe de um Chico Anysio era capaz de fazer.

Abaixo, dois dos quadros preferidos do blog:

Na Escolinha, com o também genial Rogério Cardoso:


E como Pantaleão:

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O túmulo do samba e da esperança de dias melhores.

Vinícius de Moraes disse certa vez que São Paulo era o túmulo do samba. À época, talvez tal comentário tenha sido um tanto quanto exagerado, já que em Sampa havia nomes como Adoniran Barbosa, Demônios da Garoa, Geraldo Filme, Germano Mathias, Toquinho, entre outros nomes menos famosos. Já quando o assunto era carnaval, este blog não tem condições de afirmar se naquele tempo era pior do que é hoje, e isso também não interessa neste momento. O que se pode dizer com segurança é que em São Paulo, hoje, agora de forma oficial, o samba pereceu. O que se duvidava estar morto, hoje foi enterrado na vala comum da história.

Esse defunto foi definitivamente sepultado hoje, embora sua morte venha acontecendo lentamente há alguns anos, desde que, entre outras coisas, passou a se permitir que torcidas organizadas pudessem desfilar no sambodrómo. Numa rápida pesquisa na internet, verifica-se que todos os anos acontecem atos de vandalismo em algum momento do carnaval paulistano, na maioria da vezes sempre com a mesma escola, e em alguns casos até quando ela é campeã. Mas nunca se toma qualquer atitude para resolver definitivamente esse problema, pois não convém resolvê-los, sob o risco de prejuízos eleitorais (quem se arriscaria, por exemplo, a banir uma escola de torcida organizada do clube com maior números de aficcionados em São Paulo? Aproveito, antes que eventuais críticas comecem a aparecer, para esclarecer: citei o exemplo de uma torcida, mas a mesma opinião vale para qualquer escola de samba oriunda de torcidas organizadas, independentemente do clube) ou por pura covardia mesmo.

Mas esse nem é o principal problema de um carnaval insosso, sem graça, que sobrevive sabe-se lá porque, tamanha a sua irrelevância. Talvez Vinícius tenha visto nos anos 1960, quando disse a frase que abre este texto, o que todos constatamos hoje. O sambodrómo, aquele monumento ao mau gosto construído ao lado da eternamente fétida Marginal Tietê, a partir de hoje, de forma definitiva e irreversível, viu o fim daquilo que uns paulistanos metidos a carioca da gema ousam chamar de carnaval. O que se viu hoje nada mais é do que o retrato do que esta cidade e este Estado se transformaram: uma terra habitada por um povo alienado, ensimesmado, governado por gente desqualificada, mas que pensa ser exemplo para cidadãos de outros lugares.

São Paulo, esta terra ainda chamada por muitos de locomotiva do Brasil, hoje deu, ao resto do país e ao mundo, mais uma demonstração do espiríto belicoso que domina essa gente. Em pouco tempo, este lugar nos deu tantas demonstrações de quão atrasada e de quão empapuçada da arrogância essa gente ainda é. Não se deram conta de que a república do café com leite acabou, e que, na Revolução de 1932, foram sumariamente derrotados. Nos dias de hoje, com suas cracolândias, Pinheirinhos, Kassabs, Malufs, Serras, Alckmins, Rodas, e agora, com este pseudo carnaval de quinta categoria, pode-se concluir que São Paulo é o túmulo, não só do samba, mas da esperança de que dias melhores virão. Pobre São Paulo, cidade e estado. Pobre de quem ainda acredita neste lugar.




sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A idiotização do povo

Dificilmente uma pessoa que tenha fácil acesso aos meios de comunicação (TV, rádio, internet) não ouviu falar do bordão "menos a Luiza, que está no Canadá" nessa última semana. Esta frase foi proferida pelo pai da dita cuja numa propaganda de um empreendimento imobiliário em João Pessoa. Então, num passe de mágica, a menina, antes uma ilustre desconhecida, passou a ser famosa, assim, de uma hora pra outra, tornando-se manchete de telejornais globais (qualquer outro lugar sério daria a devida importância ao assunto, ou seja, nenhuma) e recebendo tratamento de celebridade. Tudo por causa de uma simples frase que virou um bordão, passou a ser repetido exaustivamente, em qualquer circunstância cuja finalidade fosse (tentar) causar riso, quase sempre sem êxito. Então, perguntamos como e porque esse 'fenômeno' acontece?

Bom, o blog pergunta, e ele mesmo se arrisca a responder: tal fato se deve principalmente a uma cultura de idiotização do povo, na qual tudo aquilo que não merece qualquer relevância ganha corpo, aparece nos Trending Topics do Twitter, e é propagado por 9 entre 10 pessoas no Facebook como se fosse algo tão engraçado como um filme do Monty Python (ou qualquer outro filme engraçado de fato). O desimportante toma o lugar de assuntos que deveriam merecer destaque; o banal substitui outros temas tão mais relevantes que, talvez se fossem difundidos com a mesma força, pudessem alterar o estado das coisas. Mas não. Prefere-se se apegar numa idiotice, fazer gracejos sem a mínima graça, e ganhar um monte de "Curtir".

Fatos que deveriam ter mais espaço, como por exemplo, a reintegração de posse no Pinheirinho (a maioria das pessoas não sabe do que isso se trata), que, se consumada, deixaria 1600 famílias ao relento em São José dos Campos, e que foi suspensa por uma liminar que pode ser cassada a qualquer momento; a 'faxina' social, que continua sendo feita no centro de São Paulo, a despeito da desaprovação crescente que vêm obtendo, ou as denúnicas contidas no livro "A Privataria Tucana", todas devidamente documentadas contra dois expoentes tucanos, são pouco abordados, quando não solenemente ignorados pela grande mídia conservadora. Assim, por não terem o destaque que deveriam ter nos grandes jornais, mereceriam uma atenção muito maior em outras mídias livres do que a Luiza.

Causa-se celeuma pelo suposto estupro ocorrido no BBB, e, agora, pela Luiza, que, da mesma forma que se tornou uma pseudo subcelebridade, voltará ao ostracismo em curto espaço de tempo. Esse culto às celebridades instantâneas, de brilho efêmero, e a outras insignificâncias, em detrimento daquilo que realmente afeta a vida das pessoas, nos faz crer, em última análise, que isso é o que merecemos, por sermos indiferentes ao que se passa ao nosso redor, na nossa sociedade, e por olharmos apenas para o próprio umbigo e nos considerarmos o centro do mundo. Queremos apenas trabalhar, ganhar dinheiro, tirar um barato, se divertir, e danem-se os outros. O pensamento que impera é 'eu já tenho meus problemas, não posso me preocupar com o problema dos outros'. Nada ilustra melhor a sociedade atual do que esse pensamento tacanho.

Enquanto se fazem piadas sobre a Luiza que está no Canadá, e se dá destaque ao 'estupro consentido', o amargo blogueiro assiste a tudo isso e interpreta tais eventos como sintomas irreversíveis do processo de idiotização do povo que, mais do que em qualquer outro período da história recente do Brasil, caminha a passos largos, sem freios ou amarras. O Nascimento tem razão nesse caso: já fomos mais inteligentes. Hoje, somos perfeitos idiotas, partindo deste blogueiro, que perde seu tempo reclamando do destaque dado à Luiza e ao suposto estupro (sem perceber que, paradoxalmente, o blog também dá destaque, indiretamente, àquilo que é alvo de sua crítica) aos gatos pingados que nos leem (a quem, desde já, o blog pede sinceras desculpas, caso se sintam ofendidos).

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Utopia: o paredão e a eliminação da Globo

Este blog não acompanha o BBB 12, como não acompahou nenhum dos anteriores. E também não julga quem o faz, afinal cada um sabe o que é melhor para si, muito embora não tenhamos dúvidas de que é muito melhor ler um livro, assistir um filme ou mesmo conversar com os amigos, cônjuges, pais, seu cachorro ou com a parede. Porém, um fato ocorrido no último sábado chamou a atenção até de quem não assiste a esse programa. No último sábado, após horas de bebedeira em uma das festas semanais da casa, dois participantes, Daniel e Monique, foram para cama, se acariciaram sob o edredon, e deram a impressão de que chegaram aos finalmentes, o que fez com que o 'gênio' Bial tentasse romantizar o ato, no programa do dia seguinte, ao afirmar que "o amor é lindo".

A polêmica se deu porque o rapaz teria feito sexo com a moça sem o seu consentimento, que, provavelmente por estar muito embriagada, disse, num primeiro momento, não se lembrar do ocorrido com detalhes. Ok, vamos direto ao ponto: ao blog, não importa se o rapaz é culpado ou não. Tal fato não merece mais atenção do que já foi dada nas mal traçadas linhas acima. Queremos chamar a atenção para um fato que entendemos ser muito mais importante, mas que quase ninguém se atenta: como uma concessão pública, como é o caso da Rede Globo de Televisão, presta, mais uma vez, sob o silêncio descompromissado de todos (sociedade civil em geral, classe política, judiciário) tamanho desserviço aos seus telespectadores?

Como já dito, aqui não se julga quem assiste o BBB, mas nos permitimos tentar analisar esse 'reality show' (ou show da realidade, embora a realidade dos brasileiros não tenha absolutamente nada de semelhante com a dos moradores da casa) que todo começo de ano nos atormenta, e domina os bate papos nos bebedouros e máquinas de café do trabalho: se tem alguma um programa na TV brasileira que não acrescenta absolutamente a quem o assiste, este programa é o Big Brother Brasil. Isso é fato consumado, pois marombeiros e 'piriguetes' com QI de samambaia (com o devido respeito às samambaias), preocupados somente com academia, festas e provas absolutamentes cretinas, seja para ganhar a liderança ou os prêmios cedidos pelos patrocinadores do programa, não podem dar sua contribuição intelectual, mínima que seja, a quem os assiste, principalmente as crianças e adolescentes.

Ao contrário: um programa que exibe festas nas quais as bebedeiras são liberadas, a promiscuidade rola solta e, agora, um suposto caso de estupro é visto por milhares de pessoas, não pode continuar sendo exibido. O sensato seria tirá-lo do ar e aplicar uma multa milionária, ou até cassar a concessão dada pelo governo à emissora carioca, por fazer apologia ao consumo de álcool e expor nossas crianças a tamanha imbecilidade inútil em horário nobre, mas sabemos que isso não acontecerá, por razões mais do que conhecidas. Agora, se quem deveria fiscalizar (Ministério Público?) o conteúdo do que passa na televisão até o momento não tomou as devidas providências, você, que é pai ou mãe, não pense duas vezes em orientar seus filhos a não assistir ao BBB (e a TV Globo). O ministério do bom senso e da boa educação adverte: a combinação TV Globo e BBB é extremantete prejudicial à saúde do intelecto. Aliás, a combinação de TV Globo com qualquer outra coisa deve ser evitada a qualquer custo. O BBB acaba em um ou dois meses; a Globo nos infelicita há mais de quarenta anos, sem descanso, e continuará até que alguém tenha peito para colocá-la no paredão e eliminá-la de vez das nossas vidas.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Carta aberta aos guardiões do 'direito alheio'

A rede social denominada Facebook, 'local' onde pessoas descoladas trocam ideias, informações, enviam mensagens engraçadas, religiosas, de amor, é, na verdade, um braço da classe dominante. Ok, isso não é novidade pra quem tem mais de dois neurônios, e os usa com certa frequência. Isso posto, vamos ao que interessa: tempos atrás, surgiu a ideia de escrever um blog e expor ideias e comentar, principalmente, sobre fatos políticos do nosso país e do mundo, de forma objetiva (às vezes nem tão objetiva, dada à incapacidade do despretensioso blogueiro em aprofundar alguns temas), mas sempre com espontaneidade, sujeito e aberto às críticas, observações e informações importantes que possam contribuir para a melhoria da qualidade daquilo que é postado.

Na noite de ontem, foi finalizado um texto que vinha sendo escrito há algum tempo sobre quem cuida da segurança pública (e que foi publicado novamente, com alguns ajustes pontuais), sobre a qual foram tecidas diversas críticas baseadas em experiências próprias e em fatos ocorridos ao longo dos últimos 15, 20 anos (período que coincide mais ou menos com a gestão tucana em São Paulo). Como sempre, após escrever e revisar o que foi escrito, o texto pronto foi divulgado pelo Twitter e Facebook. No entanto, hoje pela manhã, todas as postagens divulgadas através do Facebook foram sumariamente excluídas, sabe-se lá sob qual pretexto, sem o consentimento ou, ao menos, sem o conhecimento do dono do blog. Nenhum notificação foi dada, seja por e-mail, SMS, telegrama ou sinal de fumaça; simplesmente apagaram os links.

O Facebook diz, em sua Declaração de direitos e responsabilidades, que "nós podemos remover qualquer conteúdo ou informações publicadas por você no Facebook se julgarmos que isso viola esta política". Esta política a que se referem diz, textualmente, que "você não deve publicar conteúdo ou tomar qualquer atitude no Facebook que infrinja ou viole os direitos alheios ou a lei". Então, reanalisamos tudo o que foi publicado pelo blog, e, em nenhum momento, constatamos que o direito alheio e/ou a lei tenha sido violado. Gostaríamos então, que pudessem nos esclarecer qual a razão de excluir, arbitrariamente, postagens de um blog que mantém sim posições críticas, por vezes pesadas, mas dentro de um limite que respeita o 'direito alheio'.

Se não forem apresentadas justificativas, como acreditamos que não serão, concluíremos que o que se deu na verdade foi o cerceamento ao direito de opinião, ou, sem meias palavras, censura. Não seria o primeiro caso, é verdade, uma rápida pesquisa na internet nos mostra a forma de agir dos guardiões do 'direito alheio' desta que é a mais popular rede social do planeta. Ou, analisando melhor, ao Facebook é melhor e mais fácil excluir a conta deste que supostamente viola o que ele chama de 'direito alheio', do que justificar a censura ao blog. Assim sendo, questionamos aos amigos que leem este humilde blog: qual a melhor opção no momento? Voltar ao Orkut? Criar uma conta no Google+? Aceitamos sugestões, mas nos recusamos a ficar calados.

Quem precisa de ...?

Não gosto da polícia. Não faço referência a um sargento, cabo ou capitão em específico, mas da instituição Polícia. A falta de apreço por essa instituição não é gratuita; quem é negro, e vive na periferia, entende o que estou falando. Ao longo de quase trinta anos, tomei, fazendo as contas por cima, mais de duas dezenas de "geral", procedimento no qual o policial militar te aborda na rua por considerá-lo suspeito, pergunta o que você está fazendo, de onde veio e pra onde vai, e depois de revistá-lo, falam, com a gentileza de um brutamontes raivoso, pra você ir direto pra casa, mesmo que você esteja indo pra qualquer outro lugar. A polícia pode abordar qualquer cidadão que ela julgue suspeito do que quer que seja, mas o que incomoda é saber que o estereótipo dos suspeitos é sempre o mesmo: negro e pobre.

Definitivamente, a sensação não é das melhores quando se é revistado tarde da noite, voltando de um dia de trabalho e estudos, por um policial despreparado, que na maioria das vezes usa da truculência e da ameaça para fazer valer seu papel de autoridade. Já tive pistola apontada pra mim, em uma dessas abordagens. Já fui xingado e ironizado, por não estar, em uma determinada ocasião, portando meus documentos. Já levei 'borrachada' dentro e fora do estádio, simplesmente por estar junto a uma massa que eles julgavam que ameaçava sua integridade. 

Em São Paulo, a Polícia Militar pensa estar acima de qualquer lei. Se acham deuses, inatingíveis, porque tem a lei ao seu lado e, principalmente, uma arma na mão. A farda lhes dá um poder imaginário, mas que é suficiente para transformá-los em brucutus descerebrados. A polícia perdeu de vez a medida daquilo que deveria ser sua atribuição, que é servir e proteger. A mim ela não serve de nada, e até o momento não precisei da sua proteção. Melhor assim, pois uma instituição que tem o histórico de erros operacionais que tem, é preferível não necessitar de seus serviços. 

Quem não se lembra do caso da favela Naval, quando um assassino fardado, de codinome Rambo, atirou pelas costas e matou um trabalhador negro? Ou o massacre do Carandiru, quando 111 presos foram exterminados? Outros casos corroboram minha tese: alguém já viu em algum outro estado 'democrático' a polícia espancar, de forma covarde, professores que reivindicavam aumento em seus escassos vencimentos? Ou mesmo entrar em conflito com outra facção da polícia, como aconteceu tempos atrás na porta do Palácio dos Bandeirantes? O que dizer então do que eles estão fazendo na cracolândia, limpando o terreno para que o centro seja revitalizado e explorado por empresas privadas, deixando a mercê da própria sorte milhares de doentes, que necessitam de tratamento médico, e não golpes de cassetetes ou tiros de bala de borracha. 

O caso mais emblemático se deu na USP, onde 400 PMs, mais cavalaria e um helicóptero foram utilizados para retirar (educadamente, é claro) 73 estudantes, entre eles algumas mulheres, como se fossem bandidos da alta periculosidade. Na Fundação Santo André, anos atrás, quando os estudantes e os professores protestaram e tomaram a reitoria que era acusada de, entre outras coisas, peculato e fraudes em notas fiscais, a Tropa de Choque da PM expulsou os estudantes com agressões físicas e prisões arbitrárias. Ou, no caso de abuso mais recente, um PM agrediu um estudante, coincidentemente negro (o único negro do grupo que foi inicialmente abordado), nas dependências da USP, por que este se recusou a lhe mostrar a carteirinha da faculdade (veja aqui). Onde já se viu tamanha afronta! Parece que a polícia existe, em São Paulo, apenas e tão somente pra reprimir o livre pensamento, e impedir que uma massa que deve, sempre e incondicionalmente, lutar contra o que a aflige e a oprime, não tenha voz.

Nunca, em nenhum caso, essas cassetadas, bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha são lançadas na direção de quem detém o poder. Ao contrário, elas visam protegê-los de quem ousa tentar abalar as estruturas do status quo, nem que pra isso seja necessário usar de todos os meios que têm à sua disposição, servindo, convenientemente, de simples fantoches desse estado que tende sempre à opressão. Nesse aspecto, deixariam Mussolini e seus camisas negras corados de inveja.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas...

Não é estranha a pressa da Prefeitura Municipal de São Paulo em querer pôr abaixo o prédio onde centenas de famílias viviam, e que pegou fogo há cerca de duas semanas? De acordo com os bombeiros, as estruturas da edificação estavam comprometidas, mas 800 kg de explosivos, ao módico custo de R$ 3,5 milhões, pagos pelos munícipes paulistanos (talvez até por aqueles que foram vítimas do incêndio) não foram suficientes para implodí-las. A agilidade em querer derrubar o que servia de abrigo a quem não tem onde morar nos deixou irrequietos. Pesquisamos então nos mais diversos sites, dos grandes portais, em geral alinhados com o poder público, aos pequenos blogs, nos quais nota-se cada vez independência e precisão nas informações, principalmente por não terem rabo preso com quem quer que seja.

Em primeiro lugar, há uma divergência entre o número de vítimas fatais na contagem dos bombeiros e dos moradores. Os bombeiros afirmam que foram encontrados dois corpos carbonizados no local. No entanto, os moradores do local afirmam que esse número é de dez a quinze vezes maior. O blogueiro Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania (http://www.blogcidadania.com.br/2011/12/medo-e-revolta-marcam-o-natal-das-vitimas-da-favela-moinho-2/), esteve no local poucos dias após o incêndio e conversou com moradores do local, que disseram que houve muito mais mortes do que foi divulgado, e que muitas das vítimas eram crianças. O blogueiro relata ainda que os moradores estão com medo, pois foram ameaçados pela polícia para não revelarem o número correto de mortos.

Há ainda, segundo o site Real Hip Hop (http://realhiphop.com.br/blog/?p=3477), relatos de moradores na mesma linha do que foi dito acima: o número de vítimas é bem maior do que foi divulgado, podendo chegar a mais de 40 mortos. O que chama a atenção é a abordagem que a grande mídia deu ao ocorrido: ao invés de checarem as informações passadas pelos moradores e publicarem em seus jornais, preferem se omitir, tomando como verdade a versão de somente um dos lados, o que não foi atingido pela tragédia. A não ser pela mídia alternativa, independente, pouco se ouvirá falar sobre o ocorrido da forma como ele de fato aconteceu, nem de seus desdobramentos, se é que haverá algum.

Grande parte da população opta, mais uma vez, em ouvir e aceitar a versão oficial das autoridades, que do alto de seus gabinetes, estão pouco se importando com o destino dos desabrigados. O prefeito, em mais uma demonstração de incompetência de sua gestão, afirmou  após a implosão mal sucedida que "o objetivo desta ação não era implodir esse prédio" (se não era esse objetivo, pra que 800 kg de explosivos custando a bagatela de R$ 3,5 mi? E porque tanta pressa, tanto que os moradores das casas vizinhas ao prédio não foram sequer avisados sobre a implosão?). São perguntas cujas respostas não serão obtidas facilmente, mas que nos pemite conjecturar, e chegar a uma conclusão que não é novidade pra quem vive em São Paulo (embora caiba ressaltar que tal processo, explicado rapidamente ao fim do próximo parágrafo e que será devidamente abordado em outros posts, não seja exclusividade paulistana; algo semelhante ocorreu, tempos atrás, no Rio de Janeiro, quando os pobres foram empurrados pelo poder público para os morros).

A favela, que a grande mídia insiste em caracterizar como um refúgio de usuários de crack, pela relativa proximidade que tem com a cracolândia, no centro da cidade, na verdade nasceu, segundo afirma a própria comunidade da favela do Moinho por meio de uma carta aberta (leia aqui) pelas mãos de um grupo de catadores de material reciclável, que ali se estabeleceram justamente pela proximidade com o centro, onde coletam o material que, além de contribuir com o preservação do meio ambiente, lhes possibilitam garantir seu ganha pão, sem depender das benesses de qualquer instituição pública. É provável que ali residam também usuários de crack e de outras drogas, mas isso não permite concluir e difundir que o local é reduto de drogados. Tal argumento mais parece uma justificativa para um 'limpeza' social, buscando deixar essa massa marginalizada, que apenas batalha pela própria sobrevivência, fora do campo de visão das elites, falidas e preconceituosas, mas que ainda tem sob seu domínio os principais meios de comunicação, tendo assim o poder de transformar vítimas de uma tragédia em vilões aos olhos da sociedade paulista, conservadora e igualmente preconceituosa.