sábado, 26 de janeiro de 2013

Feliz Aniversário


Amanhã, este que vos escreve completa mais um ano de vida. Esse é o mote para o que pretendo escrever nas próximas mal traçadas linhas. Começo por dizer que aniversários são uma merda. Não pelos amigos que se lembram da data e nos mandam felicitações, muitas vezes sinceras, outras nem tanto. Muito menos pelos presentes que sempre acabamos ganhando dos nossos entes mais próximos e amigos mais chegados. Mas sim pela carga que mais um ano de vida põe em nossas costas.

Seinfeld disse certa vez, em um dos episódios da clássica sitcom que levava seu nome, que aniversários são o símbolo do quão velho ficamos e do quão pouco evoluímos. Essa premissa, por mais simples que pareça, é absolutamente verdadeira. Mas também não quero discutir o conceito de evolução (o famoso ‘subir na vida’) tão em voga nesse mundo dinheirista, aquele de conseguir um emprego melhor, a casa própria, o carro zero, ou coisa assim. Tampouco o de evoluir culturalmente, intelectualmente, de conhecer cada vez mais, sei lá, novos conceitos e teorias que podem influenciar e mudar a visão que temos do mundo e de nossas vidas. Sinceramente, não estou com saco pra isso.

Falo, sim, de algo mais simples de se perceber e de abordar: das dores que não tínhamos e cansaços que não sentíamos. Eles começam a aparecer de repente e, quando notamos, já estão tomando conta de nossos frágeis corpos (que outrora pensávamos ser de ferro). Se antes vivíamos a 200 km/h por hora, hoje não conseguimos ultrapassar a barreira dos 60 km/h. Eu, que já era um velho ‘de cabeça’ (sempre me disseram que nasci na época errada, por achar, de uma forma geral, que tudo que é velho é melhor do que as coisas de hoje), agora sou um ‘tiozinho’ também fisicamente. Um futebol com os amigos, que há poucos anos atrás poderia durar horas e horas a fio, hoje não passa da uma hora habitual. E haja remédio para dor nos dias seguintes.

Uma ridícula barriga de chope começa a dar as caras, mesmo eu sendo abstêmio; a maior parte dos cabelos já se despediu do hoje brilhante couro cabeludo, e os cabelos guerreiros que insistem em permanecer nesta grande cabeça estão embranquecidos; as articulações, especialmente as do baleado ombro esquerdo, doem quando a temperatura cai mais do que três graus. Lá no interior, aquele tio-avô que se acha engraçado diria que estou no bico do corvo. Disso, eu até discordaria, pois ainda não cheguei a esse ponto, mas como já está ficando tarde e o sono começou a bater, vou telefonar para a polícia para acabar com o samba que rola solto em frente de casa e encerrar esse pequeno desabafo por aqui mesmo.

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