sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A idiotização do povo

Dificilmente uma pessoa que tenha fácil acesso aos meios de comunicação (TV, rádio, internet) não ouviu falar do bordão "menos a Luiza, que está no Canadá" nessa última semana. Esta frase foi proferida pelo pai da dita cuja numa propaganda de um empreendimento imobiliário em João Pessoa. Então, num passe de mágica, a menina, antes uma ilustre desconhecida, passou a ser famosa, assim, de uma hora pra outra, tornando-se manchete de telejornais globais (qualquer outro lugar sério daria a devida importância ao assunto, ou seja, nenhuma) e recebendo tratamento de celebridade. Tudo por causa de uma simples frase que virou um bordão, passou a ser repetido exaustivamente, em qualquer circunstância cuja finalidade fosse (tentar) causar riso, quase sempre sem êxito. Então, perguntamos como e porque esse 'fenômeno' acontece?

Bom, o blog pergunta, e ele mesmo se arrisca a responder: tal fato se deve principalmente a uma cultura de idiotização do povo, na qual tudo aquilo que não merece qualquer relevância ganha corpo, aparece nos Trending Topics do Twitter, e é propagado por 9 entre 10 pessoas no Facebook como se fosse algo tão engraçado como um filme do Monty Python (ou qualquer outro filme engraçado de fato). O desimportante toma o lugar de assuntos que deveriam merecer destaque; o banal substitui outros temas tão mais relevantes que, talvez se fossem difundidos com a mesma força, pudessem alterar o estado das coisas. Mas não. Prefere-se se apegar numa idiotice, fazer gracejos sem a mínima graça, e ganhar um monte de "Curtir".

Fatos que deveriam ter mais espaço, como por exemplo, a reintegração de posse no Pinheirinho (a maioria das pessoas não sabe do que isso se trata), que, se consumada, deixaria 1600 famílias ao relento em São José dos Campos, e que foi suspensa por uma liminar que pode ser cassada a qualquer momento; a 'faxina' social, que continua sendo feita no centro de São Paulo, a despeito da desaprovação crescente que vêm obtendo, ou as denúnicas contidas no livro "A Privataria Tucana", todas devidamente documentadas contra dois expoentes tucanos, são pouco abordados, quando não solenemente ignorados pela grande mídia conservadora. Assim, por não terem o destaque que deveriam ter nos grandes jornais, mereceriam uma atenção muito maior em outras mídias livres do que a Luiza.

Causa-se celeuma pelo suposto estupro ocorrido no BBB, e, agora, pela Luiza, que, da mesma forma que se tornou uma pseudo subcelebridade, voltará ao ostracismo em curto espaço de tempo. Esse culto às celebridades instantâneas, de brilho efêmero, e a outras insignificâncias, em detrimento daquilo que realmente afeta a vida das pessoas, nos faz crer, em última análise, que isso é o que merecemos, por sermos indiferentes ao que se passa ao nosso redor, na nossa sociedade, e por olharmos apenas para o próprio umbigo e nos considerarmos o centro do mundo. Queremos apenas trabalhar, ganhar dinheiro, tirar um barato, se divertir, e danem-se os outros. O pensamento que impera é 'eu já tenho meus problemas, não posso me preocupar com o problema dos outros'. Nada ilustra melhor a sociedade atual do que esse pensamento tacanho.

Enquanto se fazem piadas sobre a Luiza que está no Canadá, e se dá destaque ao 'estupro consentido', o amargo blogueiro assiste a tudo isso e interpreta tais eventos como sintomas irreversíveis do processo de idiotização do povo que, mais do que em qualquer outro período da história recente do Brasil, caminha a passos largos, sem freios ou amarras. O Nascimento tem razão nesse caso: já fomos mais inteligentes. Hoje, somos perfeitos idiotas, partindo deste blogueiro, que perde seu tempo reclamando do destaque dado à Luiza e ao suposto estupro (sem perceber que, paradoxalmente, o blog também dá destaque, indiretamente, àquilo que é alvo de sua crítica) aos gatos pingados que nos leem (a quem, desde já, o blog pede sinceras desculpas, caso se sintam ofendidos).

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Utopia: o paredão e a eliminação da Globo

Este blog não acompanha o BBB 12, como não acompahou nenhum dos anteriores. E também não julga quem o faz, afinal cada um sabe o que é melhor para si, muito embora não tenhamos dúvidas de que é muito melhor ler um livro, assistir um filme ou mesmo conversar com os amigos, cônjuges, pais, seu cachorro ou com a parede. Porém, um fato ocorrido no último sábado chamou a atenção até de quem não assiste a esse programa. No último sábado, após horas de bebedeira em uma das festas semanais da casa, dois participantes, Daniel e Monique, foram para cama, se acariciaram sob o edredon, e deram a impressão de que chegaram aos finalmentes, o que fez com que o 'gênio' Bial tentasse romantizar o ato, no programa do dia seguinte, ao afirmar que "o amor é lindo".

A polêmica se deu porque o rapaz teria feito sexo com a moça sem o seu consentimento, que, provavelmente por estar muito embriagada, disse, num primeiro momento, não se lembrar do ocorrido com detalhes. Ok, vamos direto ao ponto: ao blog, não importa se o rapaz é culpado ou não. Tal fato não merece mais atenção do que já foi dada nas mal traçadas linhas acima. Queremos chamar a atenção para um fato que entendemos ser muito mais importante, mas que quase ninguém se atenta: como uma concessão pública, como é o caso da Rede Globo de Televisão, presta, mais uma vez, sob o silêncio descompromissado de todos (sociedade civil em geral, classe política, judiciário) tamanho desserviço aos seus telespectadores?

Como já dito, aqui não se julga quem assiste o BBB, mas nos permitimos tentar analisar esse 'reality show' (ou show da realidade, embora a realidade dos brasileiros não tenha absolutamente nada de semelhante com a dos moradores da casa) que todo começo de ano nos atormenta, e domina os bate papos nos bebedouros e máquinas de café do trabalho: se tem alguma um programa na TV brasileira que não acrescenta absolutamente a quem o assiste, este programa é o Big Brother Brasil. Isso é fato consumado, pois marombeiros e 'piriguetes' com QI de samambaia (com o devido respeito às samambaias), preocupados somente com academia, festas e provas absolutamentes cretinas, seja para ganhar a liderança ou os prêmios cedidos pelos patrocinadores do programa, não podem dar sua contribuição intelectual, mínima que seja, a quem os assiste, principalmente as crianças e adolescentes.

Ao contrário: um programa que exibe festas nas quais as bebedeiras são liberadas, a promiscuidade rola solta e, agora, um suposto caso de estupro é visto por milhares de pessoas, não pode continuar sendo exibido. O sensato seria tirá-lo do ar e aplicar uma multa milionária, ou até cassar a concessão dada pelo governo à emissora carioca, por fazer apologia ao consumo de álcool e expor nossas crianças a tamanha imbecilidade inútil em horário nobre, mas sabemos que isso não acontecerá, por razões mais do que conhecidas. Agora, se quem deveria fiscalizar (Ministério Público?) o conteúdo do que passa na televisão até o momento não tomou as devidas providências, você, que é pai ou mãe, não pense duas vezes em orientar seus filhos a não assistir ao BBB (e a TV Globo). O ministério do bom senso e da boa educação adverte: a combinação TV Globo e BBB é extremantete prejudicial à saúde do intelecto. Aliás, a combinação de TV Globo com qualquer outra coisa deve ser evitada a qualquer custo. O BBB acaba em um ou dois meses; a Globo nos infelicita há mais de quarenta anos, sem descanso, e continuará até que alguém tenha peito para colocá-la no paredão e eliminá-la de vez das nossas vidas.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Carta aberta aos guardiões do 'direito alheio'

A rede social denominada Facebook, 'local' onde pessoas descoladas trocam ideias, informações, enviam mensagens engraçadas, religiosas, de amor, é, na verdade, um braço da classe dominante. Ok, isso não é novidade pra quem tem mais de dois neurônios, e os usa com certa frequência. Isso posto, vamos ao que interessa: tempos atrás, surgiu a ideia de escrever um blog e expor ideias e comentar, principalmente, sobre fatos políticos do nosso país e do mundo, de forma objetiva (às vezes nem tão objetiva, dada à incapacidade do despretensioso blogueiro em aprofundar alguns temas), mas sempre com espontaneidade, sujeito e aberto às críticas, observações e informações importantes que possam contribuir para a melhoria da qualidade daquilo que é postado.

Na noite de ontem, foi finalizado um texto que vinha sendo escrito há algum tempo sobre quem cuida da segurança pública (e que foi publicado novamente, com alguns ajustes pontuais), sobre a qual foram tecidas diversas críticas baseadas em experiências próprias e em fatos ocorridos ao longo dos últimos 15, 20 anos (período que coincide mais ou menos com a gestão tucana em São Paulo). Como sempre, após escrever e revisar o que foi escrito, o texto pronto foi divulgado pelo Twitter e Facebook. No entanto, hoje pela manhã, todas as postagens divulgadas através do Facebook foram sumariamente excluídas, sabe-se lá sob qual pretexto, sem o consentimento ou, ao menos, sem o conhecimento do dono do blog. Nenhum notificação foi dada, seja por e-mail, SMS, telegrama ou sinal de fumaça; simplesmente apagaram os links.

O Facebook diz, em sua Declaração de direitos e responsabilidades, que "nós podemos remover qualquer conteúdo ou informações publicadas por você no Facebook se julgarmos que isso viola esta política". Esta política a que se referem diz, textualmente, que "você não deve publicar conteúdo ou tomar qualquer atitude no Facebook que infrinja ou viole os direitos alheios ou a lei". Então, reanalisamos tudo o que foi publicado pelo blog, e, em nenhum momento, constatamos que o direito alheio e/ou a lei tenha sido violado. Gostaríamos então, que pudessem nos esclarecer qual a razão de excluir, arbitrariamente, postagens de um blog que mantém sim posições críticas, por vezes pesadas, mas dentro de um limite que respeita o 'direito alheio'.

Se não forem apresentadas justificativas, como acreditamos que não serão, concluíremos que o que se deu na verdade foi o cerceamento ao direito de opinião, ou, sem meias palavras, censura. Não seria o primeiro caso, é verdade, uma rápida pesquisa na internet nos mostra a forma de agir dos guardiões do 'direito alheio' desta que é a mais popular rede social do planeta. Ou, analisando melhor, ao Facebook é melhor e mais fácil excluir a conta deste que supostamente viola o que ele chama de 'direito alheio', do que justificar a censura ao blog. Assim sendo, questionamos aos amigos que leem este humilde blog: qual a melhor opção no momento? Voltar ao Orkut? Criar uma conta no Google+? Aceitamos sugestões, mas nos recusamos a ficar calados.

Quem precisa de ...?

Não gosto da polícia. Não faço referência a um sargento, cabo ou capitão em específico, mas da instituição Polícia. A falta de apreço por essa instituição não é gratuita; quem é negro, e vive na periferia, entende o que estou falando. Ao longo de quase trinta anos, tomei, fazendo as contas por cima, mais de duas dezenas de "geral", procedimento no qual o policial militar te aborda na rua por considerá-lo suspeito, pergunta o que você está fazendo, de onde veio e pra onde vai, e depois de revistá-lo, falam, com a gentileza de um brutamontes raivoso, pra você ir direto pra casa, mesmo que você esteja indo pra qualquer outro lugar. A polícia pode abordar qualquer cidadão que ela julgue suspeito do que quer que seja, mas o que incomoda é saber que o estereótipo dos suspeitos é sempre o mesmo: negro e pobre.

Definitivamente, a sensação não é das melhores quando se é revistado tarde da noite, voltando de um dia de trabalho e estudos, por um policial despreparado, que na maioria das vezes usa da truculência e da ameaça para fazer valer seu papel de autoridade. Já tive pistola apontada pra mim, em uma dessas abordagens. Já fui xingado e ironizado, por não estar, em uma determinada ocasião, portando meus documentos. Já levei 'borrachada' dentro e fora do estádio, simplesmente por estar junto a uma massa que eles julgavam que ameaçava sua integridade. 

Em São Paulo, a Polícia Militar pensa estar acima de qualquer lei. Se acham deuses, inatingíveis, porque tem a lei ao seu lado e, principalmente, uma arma na mão. A farda lhes dá um poder imaginário, mas que é suficiente para transformá-los em brucutus descerebrados. A polícia perdeu de vez a medida daquilo que deveria ser sua atribuição, que é servir e proteger. A mim ela não serve de nada, e até o momento não precisei da sua proteção. Melhor assim, pois uma instituição que tem o histórico de erros operacionais que tem, é preferível não necessitar de seus serviços. 

Quem não se lembra do caso da favela Naval, quando um assassino fardado, de codinome Rambo, atirou pelas costas e matou um trabalhador negro? Ou o massacre do Carandiru, quando 111 presos foram exterminados? Outros casos corroboram minha tese: alguém já viu em algum outro estado 'democrático' a polícia espancar, de forma covarde, professores que reivindicavam aumento em seus escassos vencimentos? Ou mesmo entrar em conflito com outra facção da polícia, como aconteceu tempos atrás na porta do Palácio dos Bandeirantes? O que dizer então do que eles estão fazendo na cracolândia, limpando o terreno para que o centro seja revitalizado e explorado por empresas privadas, deixando a mercê da própria sorte milhares de doentes, que necessitam de tratamento médico, e não golpes de cassetetes ou tiros de bala de borracha. 

O caso mais emblemático se deu na USP, onde 400 PMs, mais cavalaria e um helicóptero foram utilizados para retirar (educadamente, é claro) 73 estudantes, entre eles algumas mulheres, como se fossem bandidos da alta periculosidade. Na Fundação Santo André, anos atrás, quando os estudantes e os professores protestaram e tomaram a reitoria que era acusada de, entre outras coisas, peculato e fraudes em notas fiscais, a Tropa de Choque da PM expulsou os estudantes com agressões físicas e prisões arbitrárias. Ou, no caso de abuso mais recente, um PM agrediu um estudante, coincidentemente negro (o único negro do grupo que foi inicialmente abordado), nas dependências da USP, por que este se recusou a lhe mostrar a carteirinha da faculdade (veja aqui). Onde já se viu tamanha afronta! Parece que a polícia existe, em São Paulo, apenas e tão somente pra reprimir o livre pensamento, e impedir que uma massa que deve, sempre e incondicionalmente, lutar contra o que a aflige e a oprime, não tenha voz.

Nunca, em nenhum caso, essas cassetadas, bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha são lançadas na direção de quem detém o poder. Ao contrário, elas visam protegê-los de quem ousa tentar abalar as estruturas do status quo, nem que pra isso seja necessário usar de todos os meios que têm à sua disposição, servindo, convenientemente, de simples fantoches desse estado que tende sempre à opressão. Nesse aspecto, deixariam Mussolini e seus camisas negras corados de inveja.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas...

Não é estranha a pressa da Prefeitura Municipal de São Paulo em querer pôr abaixo o prédio onde centenas de famílias viviam, e que pegou fogo há cerca de duas semanas? De acordo com os bombeiros, as estruturas da edificação estavam comprometidas, mas 800 kg de explosivos, ao módico custo de R$ 3,5 milhões, pagos pelos munícipes paulistanos (talvez até por aqueles que foram vítimas do incêndio) não foram suficientes para implodí-las. A agilidade em querer derrubar o que servia de abrigo a quem não tem onde morar nos deixou irrequietos. Pesquisamos então nos mais diversos sites, dos grandes portais, em geral alinhados com o poder público, aos pequenos blogs, nos quais nota-se cada vez independência e precisão nas informações, principalmente por não terem rabo preso com quem quer que seja.

Em primeiro lugar, há uma divergência entre o número de vítimas fatais na contagem dos bombeiros e dos moradores. Os bombeiros afirmam que foram encontrados dois corpos carbonizados no local. No entanto, os moradores do local afirmam que esse número é de dez a quinze vezes maior. O blogueiro Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania (http://www.blogcidadania.com.br/2011/12/medo-e-revolta-marcam-o-natal-das-vitimas-da-favela-moinho-2/), esteve no local poucos dias após o incêndio e conversou com moradores do local, que disseram que houve muito mais mortes do que foi divulgado, e que muitas das vítimas eram crianças. O blogueiro relata ainda que os moradores estão com medo, pois foram ameaçados pela polícia para não revelarem o número correto de mortos.

Há ainda, segundo o site Real Hip Hop (http://realhiphop.com.br/blog/?p=3477), relatos de moradores na mesma linha do que foi dito acima: o número de vítimas é bem maior do que foi divulgado, podendo chegar a mais de 40 mortos. O que chama a atenção é a abordagem que a grande mídia deu ao ocorrido: ao invés de checarem as informações passadas pelos moradores e publicarem em seus jornais, preferem se omitir, tomando como verdade a versão de somente um dos lados, o que não foi atingido pela tragédia. A não ser pela mídia alternativa, independente, pouco se ouvirá falar sobre o ocorrido da forma como ele de fato aconteceu, nem de seus desdobramentos, se é que haverá algum.

Grande parte da população opta, mais uma vez, em ouvir e aceitar a versão oficial das autoridades, que do alto de seus gabinetes, estão pouco se importando com o destino dos desabrigados. O prefeito, em mais uma demonstração de incompetência de sua gestão, afirmou  após a implosão mal sucedida que "o objetivo desta ação não era implodir esse prédio" (se não era esse objetivo, pra que 800 kg de explosivos custando a bagatela de R$ 3,5 mi? E porque tanta pressa, tanto que os moradores das casas vizinhas ao prédio não foram sequer avisados sobre a implosão?). São perguntas cujas respostas não serão obtidas facilmente, mas que nos pemite conjecturar, e chegar a uma conclusão que não é novidade pra quem vive em São Paulo (embora caiba ressaltar que tal processo, explicado rapidamente ao fim do próximo parágrafo e que será devidamente abordado em outros posts, não seja exclusividade paulistana; algo semelhante ocorreu, tempos atrás, no Rio de Janeiro, quando os pobres foram empurrados pelo poder público para os morros).

A favela, que a grande mídia insiste em caracterizar como um refúgio de usuários de crack, pela relativa proximidade que tem com a cracolândia, no centro da cidade, na verdade nasceu, segundo afirma a própria comunidade da favela do Moinho por meio de uma carta aberta (leia aqui) pelas mãos de um grupo de catadores de material reciclável, que ali se estabeleceram justamente pela proximidade com o centro, onde coletam o material que, além de contribuir com o preservação do meio ambiente, lhes possibilitam garantir seu ganha pão, sem depender das benesses de qualquer instituição pública. É provável que ali residam também usuários de crack e de outras drogas, mas isso não permite concluir e difundir que o local é reduto de drogados. Tal argumento mais parece uma justificativa para um 'limpeza' social, buscando deixar essa massa marginalizada, que apenas batalha pela própria sobrevivência, fora do campo de visão das elites, falidas e preconceituosas, mas que ainda tem sob seu domínio os principais meios de comunicação, tendo assim o poder de transformar vítimas de uma tragédia em vilões aos olhos da sociedade paulista, conservadora e igualmente preconceituosa.