Não tenho a minima condição de explicar a paixão por um clube; é algo inato, nasce com a gente, assim, sem mais nem por quê. Minha relação com o Santos Futebol Clube começou como a maioria das relações clube/torcedor: meu pai, santista fanático, determinou que eu seria santista, e ponto final. Mas desconfio que, mesmo se ele fosse corintiano ou palmeirense, ainda assim eu seria santista. Isso porque, quando comecei a acompanhar futebol, o clube vivia a pior fase de sua história (começo dos anos 90), com jogadores medíocres, sem dinheiro, com administrações fracassadas, enfim, tudo jogava contra, e, mesmo assim, continuei, firme e forte, torcendo e sofrendo pelo Santos (isso numa época em que o São Paulo era campeão mundial interclubes, e o Palmeiras começava a montar a seu esquadrão com a sua co gestora).
Lembro-me do primeiro jogo que vi no estádio (Santo André 1 X 0 Santos, aqui em Santo André, estréia do Edinho, filho do Rei, na meta do Peixe), do time do Brasileiro de 1995, com o maestro G10vanni, o Messias; dos extremos vivenciados ao longo de uma semana, na euforia pela vitória do dia 10/12/1995, no Santos 5 X 2 Fluminense em um Pacaembu absolutamente lotado, à tristeza e às lágrimas do dia 17/12/1995, Santos 1 X 1 Botafogo; algum tempo depois, veio o bom time de 1998 e, em especial, Viola, que, de certo modo, com sua irreverência e malandragem, devolveu ao torcedor do Santos um pouco da alegria que estava distante da Vila Belmiro há alguns bons anos; em 2001, naquele 13 de maio, dia das Mães, a decepção máxima por aquele gol sofrido quando faltavam dez segundos... nesse dia, prometi a mim mesmo não torcer nunca mais para qualquer time de futebol (obviamente, a promessa não foi cumprida, como poderão constatar adiante).
Pois, quando todos davam o Santos como morto, 'time pequeno', e outros absurdos, que somente os que não entendem a mística do Manto Sagrado imaculado poderiam dizer (pobres almas!), em 2002, surge aquela geração de moleques abusados e irreverentes, e devolve ao santista o orgulho de vestir a camisa alvinegra novamente e extravasar a felicidade contida por longos 18 anos (18 anos e 13 dias, pra ser exato). Naquele 15 de dezembro de 2002, o santista voltou a sorrir, pra nunca mais deixar de fazê-lo.
Depois disso, ganhamos outros títulos, por muito pouco não fomos campeões da América depois de 40 anos, e também tivemos derrotas acachapantes, e de novo péssimas administrações, mas o mais importante, o resgate da auto estima do torcedor do Peixe, já estava consolidado. Nomes como Robinho, Diego, Elano, Léo, Renato, Neymar, e principalmente, pelo menos para este blogueiro, G10vanni, foram determinantes nesse processo, assim como tantos outros, nem tão brilhantes como os citados, mas que também deram sua contribuição para que hoje tenhamos ainda mais orgulho de ser santistas.
Pra encerrar, em 14 de abril de 1912, no mesmo dia em que um gigante afundava, nascia o maior time de futebol de que se tem notícia. Hoje, 14 de abril de 2011, o Santos necessita desesperadamente de uma vitória, nem que seja de meio a zero com gol de mão, para ganhar sobrevida na Taça Libertadores da América. Para os outros times, talvez uma missão inglória, mas pra quem já passou por grandes obstáculos (que outro time parou uma guerra?), essa batalha de Assunção não pode, e não deve, nos atemorizar; sou mais Santos, sempre, contra quem quer seja.
Tudo isso, apenas para dizer: parabéns, Santos meu amor, pelos seus 99 anos, pelo passado e presente gloriosos, e pelo futuro brilhante garantido pelos craques que brotam em seus gramados. Como bem diz o nosso hino oficial, "nascer, viver e no Santos morrer, é um orgulho que nem todos podem ter".
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