No início de maio, o Supremo Tribunal Federal aprovou, por unanimidade, a união homoafetiva, que possibilitará, entre outras coisas, o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Por 6 votos a 0, o STF mandou às favas seu conservadorismo habitual, e decidiu em favor de uma parcela da sociedade que, em pleno 2011, ainda sofre com o preconceito enraizado nas "boas almas cristãs" deste país.
A aprovação, por si só, é digna de nota, pois, a partir de agora, os gays terão os mesmos direitos dos casais heterossexuais ao se unirem no sagrado matrimônio, ou até mesmo quando somente tiverem constituído uma união estável. Entretanto, em uma análise mais ampla, e após observar a movimentação dos retrógrados intolerantes, compostos, em sua maior parte, por deputados da bancada evangélica na Câmara Federal (aquele local puro onde somente pessoas com passado e presente ilibado labutam arduamente, de terça à quinta, para o desenvolvimento do Brasil), e também por setores da Igreja Católica, acredito que, na prática, pouca coisa mudará para essa camada de sociedade.
Isso porque, embora o reconhecimento da união homoafetiva seja um passo de relativa importância, enquanto houver imbecis que atacam e quebram lâmpadas na cabeça de alguém por considerá-lo afeminado, ou enquanto uma instituição desmoralizada por seus casos de pedofilia continuar 'jogando contra' (embora se reconheça que uma parcela da igreja se mostrou favorável à decisão), ou, ainda, enquanto houver vigaristas da fé no Plenário Nacional fazendo de tudo para que essa parcela não tenha voz ativa, os gays continuarão padecendo do mesmo mal que lhes aflige desde sempre: o preconceito e o desrespeito da maior parte do povo brasileiro, manipulado por quem se apega a doutrinas religiosas interpretadas da forma que melhor lhes convém; ele, o povo, nesse caso, é mero fantoche dessa corja de aproveitadores.
O STF deveria votar, sim, talvez até com maior urgência, a criminalização da homofobia, para que os detratores dessa minoria pudessem ser punidos cada vez que lançassem mão de seus ataques raivosos contra os homossexuais. Permitir que eles se unam legalmente, mas que continuem sendo atacados por gente da pior espécie, parece ser algo sem efeito, pois não resolve ou ameniza o problema principal: a falta de respeito para com o próximo, só porque ele não tem a mesma opção sexual que a maioria da população.
Por tudo isso, não acredito que a decisão do STF seja, efetivamente, uma vitória do público GLS. Foi um importante passo, mas ainda pequeno, pois, enquanto não se tomarem medidas práticas para arrefecer o preconceito incrustado nas mentes pequenas da sociedade brasileira, o reconhecimento da união homoafetiva não terá efeito prático; dar-lhes-á o direito de constituírem família, adotarem filhos etc, mas não impedirá que continuem marginalizados aos olhos desse povo tradicionalista e conservador.
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