Pedro nunca tivera muito contato com Rosana. Na verdade, colegas de trabalho que eram, apenas se cumprimentavam de forma protocolar, sem beijos ou abraços, apenas ois sem qualquer entusiasmo. E assim fora, por um bom tempo, a relação. Apesar de estarem no mesmo setor, trabalhavam distantes. Ele, meio que indiferente a ela, bem como ela quanto a ele. Eram estranhos um ao outro.
Certo dia, porém, num almoço qualquer com os amigos, alguém comentara sobre a menina do sorriso grande. Sobre Rosana. Pedro, até então indiferente, reparou, não só no sorriso, mas em todo o seu corpo. E foi arrebatado. Encantou-se com aquela menina, e precisava fazer algo. Mas Pedro era estranho. Não bastasse a timidez, também tinha crises terríveis de ansiedade. Parecia impossível para ele, rapaz introvertido, sentindo o coração prestes a sair pela boca e suando por todos os poros, se declarar a alguém.
Ainda assim, sabe-se lá como, tomou coragem, chamou-a para conversar e abriu seu coração. Não criou, no entanto, qualquer expectativa quanto à possibilidade de o sentimento ser recíproco, pelo fato de ela ser casada. Ele também era, mas para Pedro, isso era um detalhe menor. Aliás, pensava diferente do senso comum. Sua fidelidade era, acima de tudo, para consigo mesmo. Com seus ideais, com sua felicidade. Jamais saía de casa pensando em cobiçar outra mulher, mas nunca descartava a possibilidade de se encontrar alguém interessante pelo caminho.
Rosana lhe disse que era impossível qualquer coisa entre os dois. Pedro não se decepcionou, já esperava a negativa. Mesmo assim, a partir daí, a relação entre os dois ficou menos distante. Não se tornou uma amizade, mas Pedro já se sentia mais a vontade para conversar sobre qualquer tema menos importante. Sua única alegria, naqueles dias difíceis de trabalho duro, era vê-la passar apressada pra lá e pra cá, sempre sorrindo.
Tempos depois, Pedro saiu do emprego, e levou consigo a lembrança daquele sorriso. Ainda conversaram algumas poucas vezes pela rede durante um tempo, sempre trivialidades, mas nunca mais ele a viu. Pensa nela dia sim, outro também, mas a distância, implacável, arrefeceu o sentimento. Até a noite em que Pedro sonhou com Rosana. Pelo menos em seu inconsciente, Pedro finalmente tinha Rosana em seus braços. Pelo menos em seu sonho, Pedro estava outra vez feliz. Mas o despertador tocou...
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