sexta-feira, 23 de março de 2012

Chico Anysio

Morreu Chico Anysio. O maior dos comediantes brasileiros, com seus mais de duzentos personagens, foi levar alegria, junto com os antigos alunos/colegas da escola em que era professor (Brandão Filho, Walter Dávila, Rogério Cardoso, Costinha, Grande Otelo, entre outros vários) a um outro plano, se este existir. Chico, à frente destes e de outros nomes não tão brilhantes, humildemente serviu de 'escada' para que eles nos fizessem rir. Coisa que só Chico Anysio, na condição de ícone máximo do humor tupiniquim, foi capaz de fazer. Ele, que foi um dos primeiros comediantes, ao lado de Zé Vasconcelos, a fazer stand up comedy por aqui, muito antes dessa turma de hoje que se acha precursora de tal gênero.

Quem cresceu assistindo seus programas, no ínicio dos anos 90, como este eventual blogueiro ainda na condição de fedelho, com a "Escolinha do professor Raimundo", deu boas gargalhadas; e depois com os "Estados Anísios de Chico City", com um humor mais politizado, fazendo referência à crise que vivia o país naquele momento, e que não vingou na TV, mas mesmo assim ficou na lembrança deste que vos escreve; alguns anos depois, veio o seu "Chico Total", pelo qual fomos apresentados à sua vasta galeria de personagens marcantes, estereótipos das figuras que fazem parte do cotidiano das pequenas e grandes cidades do Brasil. Ou alguém duvida que Justo Veríssimo não foi inspirado em algum político brasileiro? Ou que Pantaleão não nos remete àquele velho contador de 'causos', mentiroso, leroso, que a maioria de nós conheceu por aí? Talvez o Coalhada, retrato daquele jogador de futebol que se complica todo com a língua portuguesa, mas nem por isso deixa de se sentir o maior do mundo.

O que falar do galã Alberto Roberto, o " símbalo sescual", "simplesmente o másquimo"? E de Nazareno, que cortejava a própria empregada e mandava a esposa feia ficar "calada" quando esta lhe importunava, para depois humilhá-la ("isso não é mulher, é uma batida de caminhão")? Se fossêmos citar todos os personagens e todas as suas características, precisaríamos de muito mais espaço do que isso. Pelo blog, não haveria problema: é fácil falar daquilo que, de certa forma, marca alguma fase da nossa vida de forma positiva, que nos fez rir. Asseguramos que seria de grande valia a quem não conhece sua obra escrever sobre pelo menos uma pequena parte de sua obra e de sua carreira de mais de 60 anos. Mas deixemos isso pra uma outra ocasião.

Para fechar, e correndo o risco de abusar de um dos diversos clichês que procuramos evitar a todo custo, concordamos, e a isso nos apegamos, que o mestre morreu, mas seus personagens vivem; e melhor, estão eternizados, se não na telinha, ao menos em nossas lembranças. Quem viu, e riu, entende do que estamos falando; quem não viu, agradeça pela existência do Youtube, e busque por lá qualquer quadro de humor em que o Chico participe. Em tempos de Casseta e Planeta, CQC e congêneres, é uma aula de como fazer rir sem apelar para o vulgar, grosseiro. Coisa que só gente da estirpe de um Chico Anysio era capaz de fazer.

Abaixo, dois dos quadros preferidos do blog:

Na Escolinha, com o também genial Rogério Cardoso:


E como Pantaleão: